História de Uma Directioner


Eu devia ter uns 13, 14 anos, não lembro bem. Eu estava indo para escola nova, 1° dia de aula e eu estava ansiosa, muito ansiosa mas um pouco triste pois eu e minhas amigas havíamos mudado de escola, enfim. Coloquei o uniforme, e pelo o que eu me lembro, era muito feio. Tomei meu café, peguei meu skate, coloquei meus fones e fui para escola ouvindo One Direction que era/é minha banda favorita. Na minha outra escola todos me conheciam por ser aquela "directioner louca", bom, e eu era/sou assim, e eu não tinha vergonha disso, não, muito pelo contrário, eu me orgulhava de ser fã deles e todos aceitavam. Minhas melhores amigas também eram directioners, e as outras meninas da minha turma, cada uma delas eram de um fandom diferente: havia beliebers, lovatics, mixers, brats, smilers, selenators, swifties e vários outros. Minha escola pra mim era a "escola perfeita", onde qualquer adolescente sonhava em estudar. Eu mal pisei na escola nova e todos começaram a me encarar, no começo eu não entendi direito, então ignorei e fui para minha sala. Logo que eu entrei, não havia ninguém, então eu peguei uma classe lá na frente e me sentei. Eu estava tirando meus materiais da mochila quando uma garota [que era muito maior que eu] me empurrou da cadeira e jogou meus materiais em cima de mim. Eu perguntei firme o porque daquilo e ela então riu e todos riram. Ela pegou meu estojo e tocou para outra garota que tocou para outro garoto e assim foi. Em pouco tempo eu estava transformada em uma 'bobinha', e então a professora chegou e eles pararam. Então eu me sentei na última carteira e fiquei lá. Ninguém conversa comigo e todos me encaravam. Todos me xingavam e me agrediam por simplesmente amar 5 caras que moram longe de mim. Eles diziam que era perda de tempo e que eu era uma idiota, que eu era retardada e até algumas vezes, me chamavam de iludida e outras coisas que eu prefiro não repetir. Eu me sentia coagida, e por isso não contava isso para ninguém por medo de me criticarem também. Eu tinha medo. Nos primeiros 4 meses foi muito pesado o que faziam comigo, e quando eu achava que não podia piorar, eu fui agredida por uma gang da escola. Eu escondi os roxos e os machucados com muita maquiagem, e algumas vezes quando meus pais me perguntavam sobre isso, eu falava que eu havia caído de skate e eles acreditavam. Eu não sabia o que fazer, eu via os meus sonhos e planos sendo destruídos por pessoas que eu nem conhecia. Eles me julgavam por uma coisa que eu simplesmente não intendia. Foi ai que eu comecei a me cortar. A cada palavra que eles diziam pra mim, a cada agressão, a cada dia era um corte diferente, era como se fosse que, quando eu via o sangue escorrendo nos meus braços, a dor passava e tudo voltava ao normal, e quando cicatrizava, aquilo voltava a me machucar e eu me cortava de novo. Eu comecei a esconder os cortes com pulseiras e ninguém notava. Um dia, na escola, roubaram meu skate e então eu tentei pegar, dai minha pulseira arrebentou e todos viram as marcas. Eu comecei a chorar no chão enquanto todos me chutavam e zombavam de mim. Me chamaram de ridícula e gorda. Aquilo machucava muito, e eu senti como se eu tivesse morrendo aos poucos. Minha vontade de comer foi sumindo, minha auto-estima estava lá em baixo. Eu não me concentrava mais na escola, minhas notas caíram e meus pais me xingavam, eles não sabiam o que estava acontecendo e eu não os culpava por me xingarem.

No fundo eu sabia que eu não era perfeita. Eu era sim gorda, eu sabia disso, eu queria muito ser magra e ter aquele corpo perfeito como daquelas modelos sexy's que aparecem nos desfiles e capas de revistas pela qual todos os garotos se apaixonam e querem. Eu simplesmente odeio o meu corpo, odeio ser assim e acho que ninguém nunca vai me amar. Meu irmão também me criticava porque ele era hater e não conseguia aceitar que nem todo mundo gosta da mesma coisa que ele, que ouve o mesmo tipo de música, que usa os mesmo tipos de roupa, que agem do mesmo jeito. Passou um tempo que eu tinha começado a me cortar, e me irmão viu as marcas e então contou para meus pais. Eles ficaram com muita raiva de mim, me xingaram e disseram que eu louca e burra, muito burra. Que eu estava cega, que eu já não via mais as coisas, que eu era retardada. Foi ai que eu cheguei no meu limite. Todos me odiavam por eu ser quem eu sou, por eu ser diferente, por eu me expressar de um jeito diferente. Eu já tinha cansado da minha vida, e só faltava um motivo para eu acabar com ela, e esse motivo surgiu. Era de madrugada e eu estava decidida a me matar.
Pulei a janela do meu quarto, era inverno, e estava nevando muito. Londres naquela noite estava muito fria, então eu peguei e coloquei a roupa mais curta que eu tinha e fugi. Meus lábios estavam roxos e eu estava tremendo muito. A cidade estava muito silenciosa e então eu tinha certeza que todos estava dormindo e ninguém iria me ver para tentar me impedir. Fui andando e passei em frente a uma boate, havia uns caras saindo de lá então eu corri para eles não me verem. Quando eu vi que estava longe de lá, comecei a andar normalmente. Eu sentia que alguém estava me seguindo, eu olhei várias vezes para trás e não vi ninguém, então continuei andando. Entrei em um beco e peguei um caco de vidro e comecei a me cortar bem fundo, eu queria morrer. Eu via aquele sangue escorrendo e então eu me cortava mais. Eu já estava muito fraca, quase desmaiando quando vi uma coisa que eu pensei que fosse uma ilusão ou algo do tipo, era as pessoas que eu mais amava no mundo. Os 5 caras mais perfeitos que existem, os caras que me fizeram sorrir várias vezes e me fizeram se sentir a garota mais amada do mundo e a mais perfeita. Eu fiquei com medo de que eles me xingassem e me criticassem que nem os outros, mas não, eles chegaram perto de mim e chamaram a ambulância. Enquanto ela não chegava, eles permaneceram comigo lá. Eles me perguntaram o que tinha acontecido então eu comecei a explicar e as lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Eu achei mesmo que eu ia morrer, pois eu perdi muito sangue, eles então me abraçaram e disseram que ia ficar tudo bem e que não era para mim desistir. Eles disseram que eles se sentem mal por saberem que muitas outras garotas fazem isso todos os dias, e que eles não gostam disso porque querem vê-las bem, pois eles são as meninas deles, e eles se sentem no direito de protege-las, mas a distância os impede, e que mesmo não conhecendo cada uma delas pessoalmente, eles as amam, amam muito, porque elas são o mundo deles, elas são tudo. Eu chorei, pois eu convivo com essas garotas, e sou uma delas e sei como é isso.
Acordei no hospital e então eles explicaram a situação para minha família e eles pediram perdão por tudo o que havia acontecido.
E então ficou tudo bem, eu fui para um clinica de reabilitação me recuperei, parei de me cortar. Foi ai que eu vi que por mais fortes que forem os motivos que me façam querer acabar com a minha vida, eu sei que existem pessoas que mesmo morando longe de mim, ou que nunca tenha me visto, me amam pelo o que eu sou e isso me dá forças para continuar. 
"Se levantar talvez não seja difícil. Difícil mesmo é seguir em frente num mundo onde rótulos falam por si, enquanto o seu 'eu interior' grita tentando fugir, ser quem você é. Decisões te cercam, a vida te prega peças e então surgem imprevistos que te afastam de tudo e te levam para um mundo onde você se perde tentando fugir. Às vezes parece que tudo acabou e então renascemos como uma fênix e reencontramos nosso caminho, a nossa única direção"


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